Por Que Dançar com Mr. Parkinson?
A dança é uma atividade lúdica, agradável e que pode ter efeitos terapêuticos para pacientes com a Doença de Parkinson. Na APC os pacientes têm aulas de dança com as professoras Annette Fernandes e Heloisa Almeida onde podem praticar esta atividade ao mesmo tempo prazerosa e benéfica. Leia abaixo algumas palavras das professoras sobre esta experiência!
Depoimento da Professora Annette Fernandes:
A dança faz bem para qualquer um, mas estes benefícios são acentuados quando se trata de pacientes de Parkinson. Vamos lá:
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Aumenta a flexibilidade e a autoestima;
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Estimula a atividade mental, conectando mente e corpo, criatividade;
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Quebra o isolamento, pois é uma atividade em grupo que, em muitos exercícios, precisam uns dos outros;
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Invoca o imaginário;
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Utiliza os ouvidos, olhos e toque como ferramentas para ajudar nos movimentos e equilíbrio;
Como diz Mark, do Mark Morris Dance Group, o básico da dança é o ritmo e a essência é o divertimento.
Na verdade a ideia veio de uma pessoa, a Fernanda, que procurou esse grupo do Brooklyn que faz esse trabalho e o está implementando em todo o mundo e eu gostei muito da ideia. Eles nos mandaram um material, o qual foi usado por mim em fase experimental em um evento de comemoração ao dia Internacional de Parkinson e teve uma boa aceitação. Só agora, com a chegada da Heloísa pudemos dar continuidade ao que era meu sonho. Abrimos então duas classes de dança e está indo muito bem.
Apesar de alguns serem inibidos, parece que estão dispostos a romper esta barreira e já perceberam o bem que a dança pode trazer. Tivemos a apresentação do nosso trabalho no meio do ano com a turma de segunda-feira e foi ótimo. Serviu pra quebrar o gelo e eles se divertiram muito. Foi gratificante.
A turma de quinta está iniciando agora, mas são bem assíduos.
Entrevista com a Professora Heloisa Almeida
Quais os benefícios da Dança na Doença de Parkinson?
Estudos recentes sugerem que a dança pode melhorar os sintomas motores e não motores das pessoas com Doença de Parkinson. Quando comparada com outros tipos de exercícios, a dança tem apresentado bons resultados no que tange a velocidade da marcha, ao equilíbrio e a qualidade de vida das pessoas que a praticam. Fora as questões motoras, acredito, particularmente, que a dança vai além, pois pode contribuir para um melhor conhecimento do corpo e também possibilita a expressão de sentimentos integrando corpo, mente e alma.
Como vocês tiveram a ideia de trabalhar com pacientes parkinsonianos?
Fui bailarina profissional por mais de quinze anos. Hoje sou fisioterapeuta professora do curso de Licenciatura em Dança da Universidade Candido Mendes. Lá ministro a disciplina Dança Especial, na qual abordamos a dança para pessoas com dificuldades de movimento. Todas as vezes que eu dava a aula sobre Doença de Parkinson ficava muito emocionada com as possibilidades que a dança podia oferecer às pessoas com essa doença. Assim, comecei a procurar na internet locais que trabalhassem com pessoas com Parkinson no Rio de Janeiro. Conheci a Annette e a Dra. Wilma e partir de então decidimos iniciar o trabalho e estamos nós três e os pacientes juntos nesse projeto há uns seis meses.
Há adesão dos pacientes?
Sim. Eles gostam bastante. Tem alguns que têm um pouco de receio das aulas, por acharem que não vão conseguir, mas, passado o medo inicial eles se entregam à atividade. No geral, o trabalho está sendo bem agradável. Desejo vida longa ao projeto.