A Fonoaudiologia na Doença de Parkinson

Conheça a importância desta especialidade no tratamento da Doença de Parkinson através da entrevista que fizemos com o Dr. Charles Henrique Dias Marques.

Nosso entrevistado é professor do Curso de Graduação em Fonoaudiologia e participa do projeto de extensão Fonoaudiologia Parkinson da UFRJ e Fonoaudiólogo do Centro Municipal de Reabilitação do Engenho de Dentro, onde atende pacientes com Doença de Parkinson em parceria com a APC. Para entrar em contato: www.facebook.com/fonoparkinson/ e [email protected]

Quais as alterações de voz que podem ocorrer na doença de Parkinson?
De maneira geral, problemas na voz são comuns em pessoas com doença de Parkinson. A maior dos estudiosos no assunto, têm descrito alterações ligadas ao fechamento glótico, ou seja, na união das cordas vocais. Durante o processo de produção da voz, as cordas vocais precisam estar unidas de forma que o “som” seja produzido em altura e volume adequados. Pacientes com doença de Parkinson, podem apresentar esse dito fechamento incompleto. Além disso, outros problemas podem estar associados como arqueamento das cordas vocais, diminuição da força, cansaço e tensão, pois as manifestações tão relatadas pelos pacientes como tremor e rigidez, interferem também nos órgãos que produzem a voz. Assim como caminhar é movimento, a produção da voz também é um movimento.

Quais medidas podem ser adotadas para prevenir problemas na voz?
Cabe salientar, que embora a doença de Parkinson não seja uma condição especifica da população idosa, nossa realidade no Projeto de Extensão Fonoaudiologia Parkinson UFRJ, indica que a maior dos pacientes atendidos possui média de idade acima de 65 anos. Esse aspecto precisa ser levado em consideração pois a voz, assim como outras funções, passa por processo natural de envelhecimento.

As medidas partem sempre do processo de auxilio ou avaliação por parte de profissional capacitado. Quem trabalha com essa população percebe que, geralmente, a queixa inicial do paciente está ligada a voz. Atualmente, a área de fonoaudiologia, conta com vários recursos que permitem tratamento eficazes, reabilitação, conservação da função vocal e melhora na qualidade de vida do indivíduo.
Independente dos primeiros sinais de problemas na voz, procurar avaliação ou simples orientação de um fonoaudiólogo é o primeiro passo.

Como o fonoaudiólogo pode ajudar quando o paciente engasga com frequência?
Tal como a voz, a deglutição ou processo de engolir depende de músculos e estruturas especificas. Para a população geral engolir um alimento ou beber água trata-se processo simples que aprendemos desde cedo. Porém, trata-se de evento complexo e que precisa de relação com a respiração – assim como a voz.

Parte dos órgãos localizados no pescoço, como a laringe, as cordas vocais, a faringe tem participação tanto na voz quanto na deglutição. Embora essas duas funções (voz e engolir) se relacionem, os impactos são bem distintos. Pensando no dia a dia da pessoa com doença de Parkinson, percebe-se que dificuldades na voz impactam sua socialização e qualidade de vida, enquanto que problemas na deglutição podem interferir na saúde clínica do indivíduo. Não devemos esquecer que saúde é bem-estar físico, mental e social, portanto o cuidado e tratamento deve ser dirigido tanto a voz quanto a deglutição.

Cabe a mesma orientação, procurar ajuda de profissional capacitado. O tratamento e reabilitação dos problemas de engolir começa sempre pelo acolhimento do portador da doença, passando por avaliação que una atenção aos problemas relatados pelo paciente e experiência clínica do profissional. Muitos problemas são minimizados com simples orientação na forma como o paciente bebe água, por exemplo. Entretanto, alguns casos precisam de cuidado diário e tratamento mais específico.

Nossa experiência no Projeto de Extensão tem percebido que ao tratar da voz, muitos pacientes percebem algumas mudanças positivas no processo de engolir. Isso justamente é explicado, pelo que foi dito anteriormente – as duas funções (voz e deglutição) usam órgãos em comum. Procurar um fonoaudiólogo é sempre o primeiro passo, independente do problema já estar acontecendo.

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